terça-feira, 29 de outubro de 2013

Por uma pele livre de câncer

Câncer de pele
 Não dá para negar que esse câncer, o mais frequente entre os brasileiros, vem ganhando atenção especial por aqui. Nossa nação foi a primeira a banir as câmaras de bronzeamento artificial, comprovadamente capazes de incitar o problema, e estabeleceu uma regulamentação mais rigorosa para protetores solares. 
 
A comunidade científica também demonstra preocupação com o tema. Tanto que o pesquisador Teiti Yagura concluiu um estudo no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo sobre como a radiação solar fomenta alterações cancerígenas no código genético das células. "Já sabíamos que ela consegue deformar o DNA", afirma Yagura, hoje na Universidade de Kyoto, no Japão. "Agora vimos que, quando recebe raios ultravioleta A, aqueles que incidem durante todo o período diurno, o DNA absorve essa energia e, então, geraria uma molécula nociva que pode, em tese, lesá-lo", explica. 
 
No Congresso Mundial de Câncer de Pele, sediado em São Paulo, foram discutidas alternativas que previnem ou até controlam esses danos provocados pelo excesso de exposição ao astro rei. "Recentemente apareceram armas inovadoras que auxiliarão a combater os tumores de pele", garante Antonio Carlos Buzaid, chefe geral do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São José, na capital paulista. Confira algumas das principais virando a página - mas tenha em mente que se proteger do sol sempre será o melhor remédio contra essa enfermidade. 
 

Um remédio contra o tipo mais violento de tumor de pele

Só 4% dos cânceres que afligem a derme são melanomas. Ainda bem. Embora menos comum, tal variadade é muito perigosa - fique de olho em pintas assimétricas, de borda irregular, com mais de uma cor, ou que cresceram nos últimos tempos. Quando não flagrada no início, torna-se mortal. E é para esses casos que veio o ipilimumabe, droga já aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. "A medicação deixa o sistema imune agressivo e, logo, propenso a atacar o tumor", esclarece Buzaid. Nos estudos, o fármaco elevou a sobrevida dos pacientes e, em algumas situações, até os curou. "Apesar de possuir efeitos colaterais, ele costuma ser bem tolerado", acrescenta Buzaid. No momento, os médicos aguardam os resultados de uma pesquisa que testou o ipilimumabe em melanomas menos avançados. 
 

O gel que apaga manchas cancerígenas

"Em uma pele muito exposta ao sol, às vezes surgem manchas avermelhadas e ásperas", ensina o dermatologista Beni Grinblat, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Denominadas queratoses actínicas, elas evoluem em 20% dos casos para um tipo de tumor. De modo a impedir essa progressão, a empresa Leo Pharma criou um gel à base de mebutato de ingenol, disponível no Brasil a partir de 2013. "O creme elimina as células alteradas, é fácil de ser aplicado pelo dermatologista e tudo indica que traz bons resultados", diz Francisco Paschoal, dermatologista da Faculdade de Medicina do ABC, na Grande São Paulo. Como todo remédio, ele demanda prescrição. 
 

Onde você menos imagina

O melanoma pode surgir na planta dos pés, nas nádegas, no couro cabeludo e em outras áreas onde o sol não bate. "Por isso é importante autoexaminar todo o corpo", reforça Gwen Corrigan, enfermeira do americano MD Anderson Cancer Center. Um espelho de mão ou o parceiro ou a parceira ajudam nessa tarefa. 
 

O filtro que repara o DNA das células

Além de bloquear raios solares, o protetor Eryfotona, da Isdin, conta com uma substância batizada de repairsome, que reverte parte dos estragos nos genes advindos de horas e mais horas na praia. "Nos testes, as amostras de pele com repairsome sofreram menos alterações no seu DNA", aponta Paschoal. Ou seja, o produto atua tanto na prevenção como na restauração da cútis torrada. Hoje, ele é recomendado para quem teve um câncer de pele ou para pessoas com alto risco de desenvolver a chateação. Daí a razão do FPS 100. "Isso não quer dizer que seu fator de proteção solar é duas vezes maior do que o de um filtro com FPS 50 e que as pessoas podem se expor à vontade", ressalva Eliandre Palermo, da SBD e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. No futuro, talvez o filtro seja indicado para todos, mas isso depende de estudos. 

Bronzeamento nada saudável

Ficar horas ao ar livre sem nenhuma proteção contra o sol queima o código genético de duas maneiras:
 
Processo de deformação 
1. Estrutura abalada 
O DNA é formado por, entre outras moléculas, timinas, que se conectam a adeninas. E os raios ultravioleta, quando penetram no núcleo celular, quebram essa ligação.
 
2. DNA entortado 
A energia da radiação solar ainda faz com que uma timina se ligue a outra idêntica, desfigurando o DNA. Se a célula não corrige o defeito direito, surgem mutações cancerígenas.
 
Oxigênio transformado 
 
1. Fogo no palheiro 
O DNA capta os raios ultravioleta A. Aí, ele repassa a energia para partículas de O2, que se tornam nocivas e ganham o nome de oxigênio singlete.
 
2. O incêndio 
Essas moléculas agressivas, se não barradas pelas defesas do corpo, atacam os genes. Isso, em teoria, também daria em mutações que são o estopim para tumores.
 

Uma nova droga faz o organismo se rebelar contra o melanoma:
 

Câncer de pele
 
 
1. Um alvo difícil 
O tumor muitas vezes nem é visto como um inimigo pelo corpo. Ou seja, apenas um ou outro anticorpo o enfrenta.
 
2. Pra piorar 
Após 48 horas do início do ataque, entram em cena os linfócitos reguladores, células que desativam os poucos soldados que assaltavam o câncer.
 
3. Uma tropa insaciável 
O ipilimumabe se liga ao linfócito regulador, inibindo sua atividade. Com isso, os anticorpos não são desligados, identificam o malfeitor e partem com tudo para cima dele.
 

Como o repairsome, princípio ativo do novo protetor, conserta o DNA:  

Controle de danos


1. Acesso à célula 
A camada externa do repairsome é feita de lipossoma. Essa substância se funde com a membrana da célula, liberando a enzima fotoliase no seu interior.
 
2. A restauração 
A fotoliase então entra no núcleo e, ao receber luz do ambiente, começa, digamos, a reconstruir o DNA parcialmente comprometido.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Pílula e cigarro não combinam!

Quem fuma e toma anticoncepcionais corre um risco muito maior de problemas nos vasos. Entenda o porquê e se proteja.

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Se você ainda não se convenceu a largar o cigarro, eis mais um motivo para apagá-lo de vez da sua vida: estudos mostram que as fumantes correm mais riscos cardiovasculares quando também usam a pílula anticoncepcional.

Para começo de conversa, sobram evidências de que o tabagismo em si já detona as artérias. “O cigarro dispara processos inflamatórios que afetam as paredes dos vasos, além de estar por trás do aumento na frequência cardíaca”, explica o cardiologista Carlos Costa Magalhães, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp. Isso sem contar o estrago que faz à pele, levando ao envelhecimento precoce, e — o que é pior — seu perigoso elo com o surgimento do câncer e de outras complicações nos pulmões.
Acontece que, quando falamos no sistema cardiovascular, a pílula pode piorar e muito os danos. A responsabilidade disso recai sobre os princípios ativos que compõem esses medicamentos — são moléculas que imitam hormônios como o estrógeno e a progesterona. Tais substâncias favorecem a retenção de líquidos e o desajuste na pressão arterial, sobretudo em quem tem predisposição para essas condições.

Se é o seu caso, fique calma, os cardiologistas avisam que um rigoroso acompanhamento médico reduz a probabilidade de encrencas e até mesmo as hipertensas podem utilizar a pílula desde que o ginecologista aponte a opção mais segura. “Também é fundamental adotar um estilo de vida saudável, com a prática regular de atividade física e um cardápio equilibrado, de preferência recheado de vegetais e com pouco sódio”, sugere Magalhães.

A mesma prudência é necessária ao grupo das que sofrem com varizes. É que essa situação, por si só, já sinaliza que a circulação sanguínea não acontece de forma adequada. Daí, se juntar o tabagismo e a pílula, a probabilidade de se formarem coágulos tende a crescer. 

“Quando trombos, vindos das pernas, se deslocam pelas veias há o risco de ocorrer uma embolia pulmonar”, afirma o médico. E, se esses coágulos estiverem em artérias localizadas na parte superior do corpo, o perigo de um acidente vascular cerebral (AVC) é grande.

Tudo porque a mistura entre cigarro e pílula desequilibra o processo de coagulação do sangue. Se você tem algum indício de que o sangue não flui como deveria… já sabe. Magalhães avisa que, para algumas mulheres, a saída é realmente buscar outros métodos contraceptivos. Nesses casos, a camisinha e o DIU podem ser os melhores aliados.

Fonte: Revista saude - editora abril

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Ocitocina: muito além de hormônio do amor

Esse hormônio produzido principalmente no cérebro não tem como única tarefa promover afeição entre as pessoas. Conheça algumas das influências recém-estudadas da ocitocina em nosso comportamento e funções corporais.

 1. INCENTIVAR A RIVALIDADE NO SEXO MASCULINO

Na Universidade de Haifa, em Israel, homens que receberam doses intranasais de ocitocina passaram a analisar imagens e fatos apresentados pelos pesquisadores de maneira mais competitiva. É possível que a substância fomente essa atitude para que os marmanjos protejam os familiares de ameaças com afinco.


2. FIXAR MEMÓRIAS (ATÉ AS NEGATIVAS)

Já há algum tempo se sabe que a ocitocina auxilia a armazenar lembranças. Mas cientistas da americana Universidade Northwestern mostram agora que ela ajuda inclusive a guardar traumas no cérebro. Logo, em excesso, poderia deflagrar fobias e ansiedade intensa.


3. DAR INÍCIO AO TRABALHO DE PARTO E FORTALECER O ELO ENTRE PAIS E FILHOS

Quando chega a hora de o bebê nascer, o nível de ocitocina no organismo da mãe dispara. "É ela que estimula as contrações uterinas", explica Celso Franci, fisiologista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. A molécula ainda firma o estreito vínculo da prole com os pais.


4. ESTABELECER LAÇOS AMOROSOS

Sobra ocitocina em um casal apaixonado - tanto que ela ganhou o apelido de hormônio do amor. Nesse cenário, a substância parece reforçar o sentimento de carinho. "Há estudos em animais que a relacionam até com comportamentos monogâmicos", completa Franci.


SERÁ QUE VAI VIRAR REMÉDIO?

A ocitocina despertou a atenção das indústrias farmacêuticas, que vêm avaliando seu potencial contra distúrbios mentais. Contudo, por atuar em tantos processos distintos, talvez provoque reações adversas que dificultem sua comercialização - a já citada ansiedade é um exemplo. Resta esperar análises específicas para verificar o real efeito de pílulas à base dessa molécula.

Fonte: Revista saude - editora abril

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Diabetes: praticar exercícios e fazer dieta não faz diferença?

Estudo gera polêmica ao concluir que dieta e exercício não reduziriam risco cardiovascular.


Foram 5.145 diabéticos acima do peso acompanhados em 16 centros médicos americanos por mais de dez anos - uma turma fazia regime e atividade física; a outra só participava de encontros sobre a administração do problema. Analisados os dados dos dois lados, o estudo Look Ahead constatou que a combinação entre dieta e exercícios não diminuiu o número de eventos cardiovasculares. Quer dizer, então, que basta tomar os remédios e se entregar à fritura e ao sofá? "Não. O trabalho falhou em mostrar os benefícios dessas intervenções porque teve um grupo de controle muito bem tratado, descolado da realidade", avalia Carlos Eduardo Barra Couri, endocrinologista da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. "Sabemos que o estilo de vida ajuda a afastar outras complicações do distúrbio, como problemas renais e oculares", frisa. A pesquisa americana confirma, de todo modo, a importância do controle do colesterol e da pressão para o diabético e o quanto a dificuldade de manter o peso a longo prazo interfere nessa história.


BENEFÍCIOS COMPROVADOS

Problemas de ereção

Em outro braço do estudo Look Ahead, observou-se que quem fazia dieta e esportes teve menos disfunção erétil.

Apneia do sono

Os diabéticos que se mexeram e controlaram o cardápio também sofriam menos com essa desordem que prejudica o fluxo de oxigênio à noite.


Fonte: Revista saude - editora abril

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Hemoglobina glicada: um novo jeito de diagnosticar o diabete

Médicos americanos propõem que o exame mais indicado para controlar a doença passe a ser também uma ferramenta para detectar o mal.

Hemoglobina glicada

Guarde o nome deste teste: hemoglobina glicada. Para os portadores de diabete, ele é velho conhecido, pois aponta se o controle glicêmico foi ou não eficaz num período anterior de 90 dias. Assim como acontece com todas as outras células do corpo, os glóbulos vermelhos do sangue, durante seus três meses de vida, usam a glicose para obter energia. Só que eles se tornam irremediavelmente marcados, ligados a partículas do açúcar pela hemoglobina, a proteína que transporta o oxigênio. Quanto maior a concentração de glicose no sangue, maior a taxa de hemoglobina marcada ou glicada, explica Freddy Goldberg Eliaschewitz, chefe do Departamento de Endocrinologia do Hospital Heliópolis, em São Paulo. 

 
Agora, especialistas estão propondo que o mesmo exame seja usado também para diagnosticar a doença. Cerca de 30% dos americanos não sabem que são diabéticos, e muitos deles, quando ficam sabendo, já desenvolveram alguma complicação, justifica Christopher Saudek, endocrinologista daUniversidade Johns Hopkins, em Baltimore, e autor do estudo que será publicado na edição deste mês de julho da revista médica Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism. De acordo com a investigação, muitos pacientes submetidos ao famoso teste da glicemia de jejum só recebem o diagnóstico positivo quando já apresentam um quadro relativamente avançado da doença. Casos que ainda estão muito no início podem passar despercebidos daí a importância de olhar para os três meses pregressos. 
 
Apesar disso, a glicemia em jejum é um exame mais preciso, só que o paciente, após ingerir água com açúcar, é obrigado a ficar algumas horas no laboratório, enquanto o da hemoglobina glicada não tem esse inconveniente, compara Fadlo Fraige Filho, professor de endocrinologia na Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo, que concorda: “O fato de as taxas de açúcar em jejum flutuarem deixa de fora do diagnóstico muitos dos que que já apresentam o diabete no estágio inicial.” 
 

Há controvérsias

Apesar de o teste em jejum ter suas falhas em apontar casos de pré-diabete reversíveis ou de diabete em estágio bem inicial (quando não dá para reverter a doença, mas sim barrar as complicações), a hemoglobina glicada é uma alternativa controversa. Por dois motivos. Um deles se refere ao custo. Enquanto uma glicemia de jejum sai em torno de 2 reais, o segundo exame fica entre 12 e 25 reais. Em um país como o Brasil, a diferença praticamente inviabiliza o rastreamento na população, afirma Walter Minucucci, professor de endocrinologia da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp. Outro obstáculo é a falta de padronização do exame da hemoglobina glicada, problema que já foi superado em muitos países, mas não está 100% resolvido aqui no Brasil, diz ainda o médico. 
 
Freddy Eliaschewitz é outro que não vê a nova proposta com muito entusiasmo: em alguns pacientes, a hemoglobina se liga com maior facilidade ao açúcar do que em outros. Para a gente ter certeza do diagnóstico, precisaria pedir outros exames (confira a comparação dos exames). Há um ponto, porém, para o qual os especialistas convergem: diagnosticar o paciente é importantíssimo. Não dá para fechar os olhos para o fato de que, sim, muita gente sai sossegada do check-up sem saber que está à beira de se tornar diabético ou que acabou de entrar para esse time.
 
Fonte: Revista saude - editora abril