terça-feira, 12 de agosto de 2014

Menu anticâncer: o que você deve comer e o que evitar para afastar tumores

A ciência vem decifrando quais alimentos fazem a diferença na prevenção (e até no tratamento) dos tumores. Eis um cardápio com novas recomendações.

Dê flores ao seu prato

Brócolis, couve-flor, repolho, acelga, rúcula... Essa família, a das brássicas, é motivo de respeito quando se fala em comida com vocação para afastar tumores. Abordados em mais de uma palestra no Congresso Brasileiro de Nutrição e Câncer/Ganepão, que ocorreu em maio de 2014, esses alimentos são uma senhora fonte de glicosinolatos. Quando tais compostos são cortados e mastigados, há uma reação química que dá origem aos isotiocianatos, substâncias muito estudadas por sua ação anticâncer. "Elas protegem as células de elementos tóxicos como os poluentes", diz a nutricionista Rita de Cássia Castro, professora da Universidade Potiguar (RN). O mais famoso desse grupo, o sulforafano dos brócolis, ainda atua diretamente sobre o DNA, ativando genes supressores de tumores. 

Proteção que vem do mar

Não existe um grande evento científico de nutrição que deixe de contemplar o ômega-3, a gordura dos pescados marinhos. Até porque uma de suas propriedades é defender nosso corpo do câncer. Estudos epidemiológicos realizados na Ásia já associam o consumo de peixes ao menor risco de tumores mamários, por exemplo. Isso porque o mais prestigiado dos ácidos graxos tem um belo efeito anti-inflamatório. "Se o corpo vive em um estado de inflamação crônica, ocorrem agressões às células que podem afetar seu material genético", explica o nutricionista Fábio Gomes, do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para evitar esse processo que culmina na doença, dedique três refeições da semana a sardinha, cavalinha, salmão... 

De grão em grão...

...diminuímos a probabilidade de um câncer aparecer. Os grãos, no caso, são de feijão, ervilha, lentilha, soja e até o de bico. Integram a família das leguminosas, um dos melhores redutos de fibra do planeta. Essas substâncias interagem com a flora intestinal e colaboram para a formação do bolo fecal. Assim, nos domínios do intestino, fazem com que compostos tóxicos sejam eliminados antes de agredirem as células. As vantagens não se restringem à redução no risco do câncer de cólon. Pesquisas já demonstraram uma associação inversa entre a ingestão de fontes fibrosas e a incidência de tumores de mama e pâncreas. Aliás, os grãos escuros, como o feijão-preto, oferecem mais antioxidantes, legítimos zeladores celulares. 

O puro sumo da fruta fresca

É de perder a conta o número de substâncias encontradas nas frutas com capacidade de resguardar as células humanas. E a cada dia um estudo é publicado relatando as propriedades de fitoquímicos e afins. Na feira, porém, merece destaque a uva vermelha. Experimentos com o suco de uva integral realizados em cobaias pela biomédica Caroline Dani no Centro Universitário Metodista de Porto Alegre (RS) indicam que seus componentes barram inflamações e danos celulares capazes de levar ao câncer. Mas não precisa viver de uva, não. Trate de comer maçãs, laranjas... Até porque uma revisão assinada por estudiosos chineses revela que a ingestão de frutas em geral afugenta tumores gástricos. 

Espanta até tumor

O alho encabeça a seleção de alimentos anticâncer escalada pelo famoso oncologista francês David Khayat, do Hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris. Segundo o professor, o tempero defende principalmente o esôfago, o estômago, os rins e o intestino. Seu talento? "Ele tem um antioxidante poderoso, a alicina", entrega Khayat. "Essa substância estimula o sistema imune a detectar e destruir células cancerosas e ainda pode induzir o suicídio dessas unidades defeituosas", explica. Aproveitamos melhor a alicina quando o alho chega ao prato cru, mas a versão cozida ainda agrega pitadas dela. 

Coma com os olhos

É que as cores ajudam a reconhecer uma qualidade dos vegetais: a presença de pigmentos que, dentro do organismo, labutam contra o câncer. Exemplos clássicos são o licopeno do tomate e o betacaroteno da cenoura e da abóbora. Ambos são antioxidantes de primeira, que anulam os radicais livres capazes de danificar o DNA. E olha que eles se tornam mais operantes após passar pela panela. "Os nutrientes da cenoura, por exemplo, são mais absorvidos pelo corpo depois que ela é cozida", diz o nutrólogo Sidney Federmann, de São Paulo. 


O rebanho agradece

Quem não dispensa carne vermelha no almoço e no jantar precisa rever esse hábito. O alerta vem de estudos populacionais que ligam seu consumo exacerbado ao câncer. Isso porque, apesar de ser fonte de proteína e ferro, ela está cheia de ácido graxo araquidônico. "Trata-se de um tipo de gordura saturada com perfil pró-inflamatório", explica a nutricionista Rosângela Passos, da Universidade Federal da Bahia. Se a inflamação é persistente, você já sabe... ponto para os tumores. Já há indícios, aliás, de que ferro em demasia e subprodutos formados na digestão da carne contribuam para danos permanentes às células. Melhor não extrapolar demais a cota de 300 gramas por semana.

Cuidado com o ponto!
Quando a carne é tostada demais - especialmente na grelha do churrasco -, ela fica impregnada de elementos cancerígenos. Esse fenômeno acontece quando um bife é exposto a mais de 300ºC. Por isso, os nutricionistas sugerem priorizar, no dia a dia, o cozimento na panela. 

Doçura demais estraga

O açúcar refinado também está pisando nos tribunais do câncer. E pode levar com ele refrigerantes, biscoitos e outros doces. Para o nutricionista Fábio Gomes, a acusação reside no fato de que seu abuso é um dos patrocinadores da pandemia de obesidade - e esta, por sua vez, deixa o terreno fértil para tumores. Só que a biologia já tem outra explicação que ligaria o apetite de formiga ao maior risco da enfermidade. Quando se enche a barriga de guloseimas e se esquece das fibras, bactérias patogênicas se proliferam no intestino. "E esse ambiente facilita a absorção de compostos carcinogênicos", revela Rosângela.

Perigo no hot dog

Ninguém vai propor que você nunca mais coloque a salsicha no meio do pão ou petisque um salaminho com os amigos vez ou outra. Mas esses presentes ao paladar devem ser vistos rigorosamente como exceções na rotina. É que os embutidos - e lembre-se de que falamos também de presuntos, mortadelas e linguiças defumadas - têm conservantes, os nitritos e nitratos, que, ao interagir com o suco gástrico da digestão, se transformam em nitrosaminas. "Elas podem se ligar ao DNA e atrapalhar a confecção de proteínas que regulam o ciclo celular", descreve Gomes. Aí já viu... De um erro microscópico surge um problemão. Além disso, embutidos costumam vir lotados de sódio e gordura saturada, outros sabotadores do organismo.
Fonte: Revista saúde

Nenhum comentário:

Postar um comentário