segunda-feira, 27 de abril de 2015

Para quem é a cirurgia bariátrica

Os benefícios desse tipo de procedimento, cada vez mais sólidos, não justificam sua indicação para qualquer um. Saiba quando, de fato, o bisturi é uma boa opção para emagrecer.
 
cirurgia bariátrica
 
Não dá para ignorar os resultados expressivos das cirurgias bariátricas. Numa revisão da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, a economista especializada em saúde Su-Hsin Chang investigou 164 estudos, que reuniram 161 756 voluntários pesos pesados. Tudo para concluir  que, mesmo cinco anos após terem deixado o hospital, os participantes apresentavam, em média, uma redução de 12 a 17 pontos no índice de massa corporal (IMC).
Constatações como essa alavancaram o número de pessoas que enxugaram grandes excessos gordurosos com o bisturi. No nosso pais, saímos de 16 mil casos em 2003 para 88 mil em 2014 – um crescimento de 5,5 vezes, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

O que avaliar antes de apelar para o bisturi

IMC

De uma forma muito simplista, daria para dizer que são candidatos à cirurgia os sujeitos entre 16 e 65 anos com IMC de 40 ou mais – ou mesmo “só” acima dos 35, desde que já estejam com uma doença decorrente do excesso de peso.

Tempo

 “Hoje, um dos principais fatores a serem analisados é o tempo que o indivíduo convive com a obesidade”, aponta o cirurgião Cláudio Mottin, diretor do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas, em Porto Alegre. Se for inferior a cinco anos, melhor apostar em táticas menos radicais.

Fracasso de outras medidas

Outro critério  fundamental é ter tentado, sem sucesso, medidas mais brandas por ao menos dois anos.

Estado mental

Transtornos psiquiátricos descompensados ou fases turbulentas da vida no mínimo adiam a operação. “Há quem precise de preparo psicológico por mais de um ano antes de fazer o procedimento”, conta Luiza Heberle, psiquiatra que trabalha com Motin no Hospital São Lucas.

Para não operar e engordar de novo

Antes de tudo

Uma bateria de exames é feita para checar se o candidato pode ser operado – e, se sim, em quais condições. Ele ainda passa por acompanhamento psicológico e já dá o pontapé inicial para modificações no estilo de vida.

Logo após a cirurgia

Nos primeiros 15 dias, a dieta é composta de líquidos. Nas duas semanas seguintes, entram alimentos pastosos. Só depois de 30 dias estão liberadas comidas mais durinhas. O contato com os profissionais de saúde deve ser constante.

Daí em diante

O tratamento não para aí. Fora os ajustes no cardápio e a inclusão de exercícios na rotina, a pessoa provavelmente recorrerá a suplementos de vitaminas e minerais. As consultas com o médico seguem por anos e  mais anos.
 
Fonte: Revista saúde

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Uma gordura para esquecer

Estudo comprova que a trans está por trás de falhas de memória. E pior: seus efeitos já podem aparecer em pessoas jovens
 
uma gordura para esquecer

Que ela faz um mal danado ao coração, quase todo mundo lembra e ninguém questiona. Mas a repercussão de alimentos ricos em trans (bolachas, salgadinhos, sorvetes...) alguns palmos acima do peito, lá no cérebro, ainda é um terreno novo entre os estudiosos da nutrição. Terreno que foi chacoalhado por uma pesquisa da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Ela traz dados robustos de que o consumo frequente de produtos industrializados cheios de gordura é capaz de comprometer a memória – e muito antes de os cabelos brancos surgirem.
Os cientistas pediram a 1 018 homens, com idade entre 20 e 45 anos, que respondessem a um questionário sobre hábitos alimentares – um dos tópicos era a carga de trans no cardápio. Depois das perguntas todos participaram de um teste de memória simples, em que assistiam a uma sequência de palavras. A única tarefa dos voluntários era dizer se o que eles estavam lendo naquele momento era igual ao que tinham visto antes. Aí veio a surpresa: a cada grama ingerido do ingrediente, o sujeito se esquecia de 0,76 palavra. “Isso significa que, num exame com 86 vocábulos, as pessoas que comiam muito dessa gordura erravam 11 termos a mais em comparação com quem a evitava no prato”, explica a médica Beatrice Golomb, líder da investigação. A diferença é considerada enorme, ainda mais quando se leva em conta a idade dos participantes. Ora, é entre os 20 e os 45 anos que o indivíduo se forma e cresce na vida acadêmica e profissional – fase crítica para o cérebro trabalhar.

Com uma gordura interfere nas atividades dos neurônios?

Numa ação chamada pró-oxidante, a trans promove, dentro do organismo, uma enxurrada de radicais livres, moléculas que, em excesso, danificam as células nervosas – inclusive nas áreas cerebrais que retêm as lembranças. “O abuso de itens ricos em trans também está associado ao ganho de peso, que, por sua vez, impacta negativamente na massa cinzenta”, acrescenta o neurologista Paulo Bertolucci, da Universidade Federal de São Paulo

A partir de que quantidade é prejudicial?

Apesar de a presença do ingrediente ter sido reduzida no mercado nos últimos anos, o assunto ainda preocupa os profissionais de saúde – até porque produtos mais baratos permanecem lotados dessa gordura. “A trans deve representar, no máximo, 1%, ou 2,2 gramas, das calorias diárias”, indica a nutricionista  Selma Sanches Dovichi, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
Se pensarmos que uma porção de batata frita pré-cozida tem 6 gramas de trans e uma única fatia de pizza congelada leva 1,1 grama, ultrapassar esse limite é mais fácil do que se imagina. E o mesmo raciocínio se aplica a quem se entrega aos pacotes de bolacha recheada ou salgadinho. “Quanto menos trans na dieta, melhor”, frisa Silva.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Operação “chega de rinite”

Manual publicado por médicos americanos traz as novas recomendações para o controle de quadros de fundo alérgico
 
operação chega de rinite
 
Espirros, coriza e nariz entupido: todo mundo tem, já teve ou ainda vai ter pelo menos um episódio de rinite. Basta pegar uma gripe ou um resfriado passageiro. Mas, para uma parcela da população, ela faz parte da rotina. É só entar em contato com pó, mofo, ácaros, pólen, pelos de animais ou produtos químicos que o organismo reage com tudo, anticorpos são liberados e a mucosa nasal, inflamada, sofre as consequências.
Por se tratar de uma condição crônica e que muitas vezes repele o tratamento receitado, a Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial acaba de atualizar suas diretrizes para o controle da rinite alérgica. Além de nortear a detecção e o plano terapêutico, o guia propõe orientações para adotar em casa e ainda dá uma palavra sobre o papel da acupuntura e da fitoterapia. Segure o espirro e conheça essas 10 recomendações.

1. A importância do diagnóstico

Um dos desafios que a rinite alérgia impõe é o dignóstico e como flagrar o que desperta as crises. Não por acaso, o documento americano começa reforçando a necessidade de o médico traçar minuciosamente o histórico do paciente e apurar os gatilhos e a presença de doenças relacionadas. Segundo o pneumologista Álvaro Cruz, da Universidade Federal da Bahia, asmáticos tendem a ter mais rinite, por exemplo. Se o fator desencadeante não é identificado nas consultas, testes de alergia (que usam a pele ou o sangue) são bem-vindos.

2. Pets: cada um no seu quadrado

Sabemos que é difícil manter distância dos animais se você tem um deles em casa. Mas o novo guia pede atenção diante dos pets. Isso porque cães e gatos têm alérgenos que são liberados na saliva, na pele  e na urina, além de acumular ácaros nos pelos. Tem gente que só tem alergia de gato e outros só de cachorro. Independentemente da espécie, o ideal é definir um espaço para o bicho, a fim de evitar que os pelos se espalhem pela casa, e lavar as mãos depois dos afagos. Dar banho ajuda, mas não traz melhoras em meio a uma crise.

3. O ar que você respira

O ar-condicionado pode ser um aliado porque serve como filtro contra a poluição que vem da rua. Isso desde que a manutenção do aparelho esteja em dia – e os fabricantes pedem que o filtro seja limpo com água a cada três meses, pelo menos. O ar mais gelado e seco em si não provoca rinite, mas pode deixar a mucosa nasal sensível. Daí o conselho de programar uma temperatura amena (entre 24 e 25 ºC) e adotar um umidificador.

4. Extermínio de ácaros

Esses aracnídeos invisíveis a olho nu são responsáveis pela rinite de boa parte dos brasileiros. Gostam de lugares úmidos e quentes e se alimentam  de restos de pele que se misturam à poeira. Para acabar com a festa, conservar a casa limpa e os armários secos é fundamental – e, de bônus, se evita outro patrocinador de alergias, o mofo. Na batalha contra o pó entram pano úmido e aspirador com filtros Hepa, que retêm melhor a poeira. Produtos contra ácaros também podem ser requisitados.

5. A cama pode ser a fonte do problema

Lençóis, cobertores, colchões e travesseiros são um prato cheio para os ácaros. Assim, trocar e lavar a roupa de cama com frequência (pelo menos uma vez por semana) é a primeira regra de ouro. O manual americano propõe o uso de capas impermeáveis e hipoalergênicas em colchões e travesseiros. Manter os quartos ventilados e a cama exposta ao sol também ajuda.

6. Para tratar sem sedar

Como antialérgicos têm fama de gerar aquela soneira, as novas diretrizes priorizam a prescrição de anti-histamínicos de segunda geração, que não têm o efeito sedativo típico da primeira classe dessas drogas. Essa nova geração tem outras vantagens: age mais rápido, pode ser usada por um período maior e não interfere no apetite.

7. Remédios da pesada

Há medicações que só devem entrar em cena  em casos mais graves ou durante as crises. E o principal exempo aqui são os corticoides, potentes anti-inflamatórios. Os especialistas prescrevem por poucos dias, uma vez que o uso prolongado pode causar retenção de líquido, aumento de peso, mal-estar e até osteoporose. Convém reforçar: como os antialérgicos, eles só devem ser empregados sob orientação.

8. Educação imunológica

E se treinássemos o sistema imune para ele deixar de hiper-reagir toda vez que o corpo tem contato com ácaros ou pelos de animais? Esse é o princípio da imunoterapia, uma espécie de vacina que injeta baixas doses de alérgenos com o objetivo de neutralizar a resposta das nossas defesas diante desses corpos estranhos. O manual a coloca como opção quando a alergia é refratária a tratamentos convencionais – e as aplicações podem durar de dois a três anos.

9. Apoio das agulhas

Pela primeira vez, o consenso da Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial se posiciona quanto ao uso da acupuntura: ela pode, sim, integrar o combate não medicamentoso à rinite alérgica. A aplicação das agulhas em pontos mapeados pela medicina tradicional chinesa poderia ser utilizada sozinha ou como complemento aos remédios. No Brasil, a técnica ainda não é reconhecida para substituir o tratamento padrão, e o que se alega é a carência de mais pesquisas comprovando seus benefícios. No entanto, ela está longe de ser contraindicada pelos especialistas.

10. O chazinho se deu mal

Se a acupuntura recebeu o aval contra a rinite, o mesmo não se pode dizer da fitoterapia. O guia desencoraja o uso de ervas medicinais como tratamento, independentemente do meio (infusão, cápsula...). Faltam provas sobre sua segurança e eficiência e ainda existe o risco de efeitos colaterais e interações com remédios prescritos no consultório. Veja: não é que o chá da vovó está proibido, mas é importante saber que não será uma xícara quentinha que resolverá de vez uma crise de rinite.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

9 truques para deixar o churrasco saudável

Ele é uma paixão nacional, mas está longe de ser o melhor preparo aos olhos da nutrição. Saiba como atenuar suas más qualidades – sem deixar de comer carne.
 
guia do churrasco saudável
 
Botar a picanha, a maminha e o cupim para assar é sinônimo de festa para muitos brasileiros. Mas é preciso tomar cuidado: expor a carne a altas temperaturas no braseiro tende a impregná-la de compostos nocivos com nomes químicos de batismo um tanto complicados – as aminas heterocíclicas e os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. São moléculas envolvidas, por exemplo, com o surgimento de tumores. Mas há medidas testadas capazes de minimizar a formação desses compostos.

1. Faça uma marinada

Deixar a carne de molho por pelo menos 30 minutos numa solução com vinho ou cerveja, alho e ervas aromáticas reduz o aparecimento posterior das temidas aminas heterocíclicas. "Além de melhorar o sabor e a maciez, a marinada diminui o tempo de cozimento", explica a nutricionista Marcela Veiros, professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Esse banho é muito bem-vindo ao frango e a peças bovinas que demoram um pouco mais para ficar prontas.
O preparo da marinada pode variar com o tipo de carne e o gosto do freguês. De modo geral, vinho, vinagre, cerveja, limão, ervas, cebola e alho estão entre os melhores ingredientes – e o tempo de molho vai de meia hora a um pernoite. Um estudo da Universidade do Porto, em Portugal, mostra que a cerveja preta é uma senhora protetora da carne de porco. E um trabalho que comparou marinadas louva a mistura de cebola, alho e suco de limão – boa para frangos e até mesmo para peixes.

2. Prefira bifes a peçonas

Essa estratégia simples serve para encurtar o tempo sobre a brasa. "Quanto mais elevada a temperatura a que a carne está submetida, maior a formação dos compostos prejudiciais", ensina a engenheira de alimentos Ana Lúcia Corrêa Lemos, do Instituto de Tecnologia de Alimentos, em Campinas, no interior paulista. Então, quanto menos tempo o alimento passar pela grelha, melhor. Em vez de colocar a picanha inteira na churrasqueira, que tal fatiá-la em bifes antes de assar?

3. Vire mais a carne

Sabe quando o churrasqueiro fica batendo um papo e deixa tudo tostar? Pois esse descuido tem repercussões no nosso corpo. Carne tostada é a prova visível de que ela está repleta de substâncias ruins. "Virar os bifes é importante para que primeiro ocorra o selamento e, com isso, a carne não resseque, e para que ela grelhe de modo uniforme, sem ficar torrada demais em um dos lados", esclarece Marcela.

4. Tire o excesso de gordura

Quem delira com aquela lasca de gordura da picanha que nos perdoe, mas há vantagens em optar por cortes menos gordos ou podar os excessos antes de levar ao fogo – e não apenas por deixar o churrasco mais magro. "A presença de gordura não influencia a formação das aminas, mas, quando escorre para a brasa, faz gerar a fumaça que impregna a carne de hidrocarbonetos policíclicos", avisa Ana Lúcia.

5. Aposte no pré-cozimento

É outra solução para reduzir o tempo no braseiro e se destina a peças grandes como o cupim e a costela, que podem fazer uma passagem prévia pela panela de pressão. Se você não gosta tanto da ideia, cobrir a carne com papel-alumínio ou celofane já ajuda no cozimento sobre a grelha. "Isso inibe o contato com a fumaça", justifica a nutricionista Andréa Esquivel, do Centro de Diagnóstico em Gastroenterologia, em São Paulo.

6. Deixe a brasa mais longe

Mantenha distância. Eis uma plaquinha que podia decorar a churrasqueira de todos os lares. A distância se refere ao espaço entre a grelha e o carvão. Embora não haja uma medida ideal (depende do espaço utilizado), busque afastá-los o máximo possível sem que ocorra perda expressiva de calor. "É preciso ter sempre o cuidado para que as chamas nunca atinjam o alimento", reforça a professora Marcela.

7. Limpe bem a grelha

Sabe a sujeira preta que se acumula ali? Pois a gordura derretida e os restos de carne torrada deixam de herança um reduto de moléculas perigosas –  sem falar nos riscos da falta de higiene em si. A ordem é limpar o utensílio antes de todo churrasco. Caso contrário, aquela imundície vai se incorporar, sim, na carne. Além da buchinha e do detergente, hoje existem produtos próprios para grelhas.

8. Evite tostados e embutidos

Em matéria de agentes cancerígenos, você já deve ter percebido que o malpassado é preferível ao tostado. "E devem ficar atentas a isso especialmente pessoas que já sofrem de problemas gástricos e intestinais", lembra Andréa. Por falar nisso, outra medida de ouro é deixar de escanteio linguiças processadas e salsichões, que já apresentam moléculas propícias a atrapalhar a vida das células.

9. Use frutas e legumes

Um churrasco saudável que se preze tem diversidade sobre as brasas. Por isso, dê fim ao monopólio da carne vermelha e conceda licença a legumes e frutas, fontes de nutrientes que blindam o organismo. Tomate, abobrinha e berinjela são alguns exemplos do que vai bem na grelha. E o abacaxi é um capítulo à parte. "O calor faz aumentar a disponibilidade da bromelina, substância que favorece a digestão", destaca Andréa.

Fonte: Revista saúde