terça-feira, 31 de maio de 2016

Por que há tanta tireoide lenta por aí

Por que há tanta tireoide lenta por aí
Excesso de sal, uso de remédios, poluição, estresse... Investigamos o que faz a glândula em formato de borboleta entrar em parafuso, situação cada vez mais comum hoje.
 
A presença de borboletas no estômago é um dos sinais clássicos da paixão. Os poetas encontraram no farfalhar de asas a metáfora perfeita para aquele rebuliço abdominal comum ao bater os olhos na pessoa amada. Mas, se fôssemos mais precisos (e um pouco menos literários) em matéria de corpo humano, teríamos de dizer que uma borboleta pousaria mesmo em outro órgão. Lá na região da garganta. É ali que fica a tireoide, glândula com o formato do inseto que orquestra o funcionamento do organismo — e influencia, inclusive, nossas emoções.

Foi pensando em resguardar a tireoide que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, mandou reduzir o teor de iodo do sal de cozinha. As taxas, que antes ficavam entre 20 e 60 miligramas por quilo, precisaram se adaptar à faixa, de 15 a 45 miligramas. O corte, segundo a entidade, teve a ver com o aumento de casos de hipotireoidismo, distúrbio que prejudica a produção dos hormônios pela glândula. "A doença desacelera o metabolismo, gerando fadiga, sonolência, depressão e raciocínio vagaroso. E o iodo em excesso é um gatilho para o seu surgimento", diz a endocrinologista Roberta Frota, do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. A Anvisa resolveu agir com base em estatísticas preocupantes: o brasileiro consome, em média, 12 gramas de sal todos os dias. "É um exagero se considerarmos a recomendação da Organização Mundial da Saúde, de apenas 5 gramas", contextualiza Paula Bernadete Ferreira, especialista em regulação e vigilância sanitária da agência.

O abuso do condimento nas refeições elevou, por sua vez, a porção de iodo no prato dos cidadãos. "A iodação do sal foi calculada pensando em uma dieta de 9 gramas diárias de sal e está, portanto, defasada. Essa resolução da Anvisa não poderia ter sido mais adequada", elogia o endocrinologista Geraldo Medeiros, professor sênior da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Na época de sua aprovação, a medida, porém, dividiu opiniões. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia criticou a regra. "O foco deveria estar na quantidade de sal que o brasileiro ingere", analisa a endocrinologista Gisah Amaral, vice-presidente do Departamento de Tireoide da sociedade. "Ainda nos causa mais preocupação a falta de iodo, que pode trazer complicações, principalmente na gestação e nos primeiros anos de vida", justifica.

Nem só o iodo deixa a tireoide lenta. Os cientistas possuem uma lista de suspeitos envolvidos nessa história. "Ainda não está totalmente demonstrada a relação entre hábitos e componentes químicos com o hipotireoidismo", ressalva Medeiros. Mas não faltam estudos procurando evidências sobre seu papel no colapso da glândula. Uma investigação, por exemplo, procurou estabelecer o impacto da poluição na tireoide. A pesquisa, da Faculdade de Medicina do ABC, na Grande São Paulo, acompanhou mais de 6 mil pessoas durante 15 anos. Elas foram divididas em dois grupos. O primeiro morava perto de um parque industrial petroquímico, enquanto o segundo habitava uma área residencial menos poluída. Em 1992, cerca de 2% dos indivíduos que viviam nas cercanias das fábricas — e travavam contato com poluentes — tinham hipotireoidismo. Em 2001, a quantidade de pessoas com a mesma doença nessa região subiu para 57%. Já na área com menos sujeira no ar, as taxas não tiveram modificações tão gritantes. "É como se a tireoide não soubesse se proteger dos agentes químicos e, ao tentar reagir, prejudicasse a si mesma", ensina a neuroendocrinologista Maria Angela Zaccarelli, autora do trabalho.

Se poluentes disparariam distúrbios na glândula em pessoas predispostas, o que dizer de remédios e produtos de limpeza? "Alguns medicamentos, como xaropes expectorantes, contêm iodo. E o mesmo vale para certos desinfetantes que, em contato com a pele, podem passar o mineral para o organismo", alerta a endocrinologista Tania Furlanetto, da Universidade Federal do Rio Grande o Sul. Nesses casos, a saída é consultar o médico e, na hora de limpar a casa, investir em luvas.

Potes plásticos e panelas antiaderentes também geram polêmica. "Existe uma suspeita de que esses utensílios soltariam compostos tóxicos que atingem a tireoide", desconfia o endocrinologista Luciano Giacaglia, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na capital paulista. Outro inimigo em potencial se esconde sob a vida conturbada das grandes cidades. "Toda vez que o corpo passa por um estresse, há uma resposta do sistema imune, que pode afetar a glândula", especula Giacaglia. Enquanto a ciência levanta dados para bater o martelo, convém relaxar e, como sugerem pesquisas recentes, tentar escapar da poluição e maneirar no sal. Tudo para a borboleta continuar na ativa, isto é, fabricando seus hormônios.

Se hoje é farto, ontem faltava

A deficiência de iodo foi um grave problema de saúde pública no século 20. A carência do mineral estava por trás do bócio, um inchaço na região da garganta, e até retardo mental em bebês. Embora a iodação do sal no Brasil para mudar esse panorama tenha começado nos anos 1950, a primeira lei nacional sobre o assunto é de 1995. E os resultados são incontestes: os casos de bócio em crianças caíram de 20,7% em 1955 para 1,4% em 2000.

Nas asas do equilíbrio

A dosagem correta de iodo é um dos fatores mais importantes para manter uma tireoide saudável
Nem demais...
A tireoide usa o iodo para produzir os hormônios T3 e T4. Se a substância está em excesso, o órgão sofre um processo de inflamação. O sistema imunológico manda anticorpos para a região, que acabam atacando a própria glândula.
...Nem de menos
Se o iodo escasseia, a tireoide não tem matéria-prima para fabricar a dupla hormonal. Na tentativa de compensar a baixa produção, ela cresce de tamanho. A deficiência está relacionada a casos de bócio e problemas de desenvolvimento na infância.

Nódulo de tireoide na ponta da agulha

Novo método, ainda em fase de testes, elimina essas formações sem deixar cicatriz no pescoço
O surgimento de massas tumorais na glândula costuma incomodar, seja por questões estéticas, seja por problemas funcionais. Para retirar esses nódulos hoje, é preciso passar por uma cirurgia que deixa uma cicatriz na garganta. Mas um equipamento ainda sob estudos no Brasil promete resolver o problema com mais comodidade. "Introduzimos uma agulha bem fina na região do pescoço. Ela é guiada por ultrassom e emite um raio laser sobre os nódulos", explica o radiologista intervencionista Rodrigo Gobbo, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, pioneiro no uso da técnica. Esse laser queima a formação defeituosa, que então diminui e é eliminada pelo organismo.

Fonte: Revista saúde

terça-feira, 24 de maio de 2016

Cansaço pode ser doença

Cansaço pode ser doençaQuando a moleza persiste por meses e vem acompanhada de sonolência e dores, alguma coisa mais séria está tomando conta do corpo. Descubra por que os médicos estão redefinindo a canseira crônica.

A pernambucana Maria Helena Lapenda, de 56 anos, pode dizer que caiu literalmente de cama por causa de... cansaço. Mas não qualquer cansaço. As noites de sono não conseguiam repor suas energias, levantar-se exigia um esforço imenso e, para completar, uma sensação dolorosa se espalhava pelos ombros, pela cabeça e pelos membros, comprometendo movimentos mínimos como o de levar um garfo à boca. "Eu trabalhava dois dias e precisava ficar o resto da semana na cama. Estava acabada até para falar", conta a secretária. Depois de anos de idas e vindas entre hospitais e de ser rotulada de preguiçosa pela família, Maria Helena recebeu seu diagnóstico: síndrome da fadiga crônica.

Essa condição, caracterizada por uma canseira incapacitante, começou a ser estudada no fim dos anos 1980 e, desde então, foi pontuada de controvérsias. Isso porque, por mais que o médico vasculhe o paciente, não encontra alterações fisiológicas significativas, o que dificulta não só a detecção como a própria compreensão de quem vive com esse peso sobre as costas, a cabeça... Os mistérios que rondam a síndrome, que afetaria até 1,5% da população mundial, estão fazendo os especialistas revisitarem sua definição. E o pontapé do debate envolve a própria nomenclatura. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos propõe uma mudança: em vez de síndrome da fadiga crônica, mais fiel seria adotar o termo "doença da intolerância sistêmica ao esforço".

Os experts creem que agregar a palavra "doença" ampliará a atenção e a seriedade cobradas pelo problema. "O preconceito e a falta de informação são os maiores obstáculos enfrentados pelos portadores hoje", afirma Leonard Jason, estudioso do assunto e professor de psicologia da Universidade DePaul, em Chicago (EUA). Obstáculos que impedem o diagnóstico correto - algo ainda mais crítico no Brasil.

Ao comparar dados epidemiológicos do Reino Unido com os de nosso país, o pesquisador sul-coreano Hyong Jin Cho, da Universidade da Califórnia (EUA), constatou que a prevalência era quase a mesma (2 e 1,6%, respectivamente). Só que o diagnóstico era dado na proporção de 11 para 1. Ou seja, milhares de brasileiros perambulam sem receber o laudo e o acompanhamento adequados. Um dos motivos é a interpretação subjetiva da fadiga e outro, a falta de testes laboratoriais específicos. "Além disso, diversas condições têm o cansaço como sintoma, caso do hipotireoidismo e da carência de vitaminas. Aí é preciso fazer uma série de exames para descartar outros problemas", argumenta o reumatologista Roberto Heymann, da Universidade Federal de São Paulo.


A questão que intriga os cientistas (e os pacientes) é de onde brota o cansaço sem fim. Uma das hipóteses mais aceitas diz que a doença, de base genética, está ligada a falhas no eixo que liga o sistema nervoso à fabricação de alguns hormônios, como o cortisol, que coordena nossa reação ao estresse. O psiquiatra Mario Francisco Juruena, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, explica que o baixo nível dessa substância faz com que metade dos portadores de fadiga crônica apresente também um quadro de depressão atípica. "Além do desânimo, ela vem associada a compulsão por doces e outros alimentos de alto teor calórico, sedentarismo, sono excessivo e alta sensibilidade emocional", descreve o especialista, que passou seis anos investigando o tema na Inglaterra.

Uma curiosidade da condição, que afeta ligeiramente mais mulheres do que homens, é que muitas vezes ela se manifesta após uma infecção por bactéria ou vírus, especialmente o da gripe. Os sintomas comuns (febre, coriza, dor de garganta...) vão embora, mas ficam de presente a canseira e a falta de ânimo. Só que não dá pra responsabilizar apenas agentes microscópicos pelo revés. Há todo um cenário psicológico que favorece a doença do cansaço. "Muitos pacientes passaram por uma grande situação de estresse na infância, como a perda de entes queridos, maus-tratos físicos ou abuso sexual", conta Juruena.
É por essa razão que atualmente o tratamento do problema não depende só de medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos e de suplementos vitamínicos. Costuma cobrar também sessões de psicoterapia. "Ainda não se fala em cura, já que não conhecemos todos os fatores que determinam a síndrome, mas seus sintomas são tratáveis e é possível garantir a qualidade de vida", afirma a psicóloga Rafaela Teixeira Zorzanelli, professora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Outra medida que desponta com bons resultados é a chamada terapia do exercício gradual (GET, na sigla em inglês), um programa de atividades físicas personalizadas. Um estudo recém-publicado por cientistas britânicos na revista médica The Lancet Psychiatry mostra que vencer o medo de se movimentar e aderir devagar, devagarinho aos exercícios podem responder por até 60% de melhora no tratamento. A GET começa com pequenos movimentos (sentar-se na cama e se levantar, por exemplo) e evolui para uma modalidade mais consistente, como caminhadas leves.

E é exatamente isso o que Maria Helena está fazendo — com sucesso, diga-se. "Conseguir andar na praia aqui perto de casa é a minha maior conquista. É como se eu começasse a viver de novo", comemora. Combinar acompanhamento médico, certos remédios e programas que trabalhem a mente e o corpo parece ser o plano perfeito para vencer a luta contra essa doença misteriosa e extenuante por natureza.

Muito além do fim do pique

Conheça os sintomas da síndrome da fadiga crônica, condição que pode mudar de nome em breve. O indivíduo se enquadra nela se apresentar pelo menos quatro dos sinais listados abaixo num período igual ou maior que seis meses
  • Cansaço persistente e sem que ele seja resultado de um grande esforço
  • Dificuldade de concentração
  • Perda constante de memórias recentes
  • Oscilação de humor entre tristeza e euforia
  • Estresse e ansiedade crônicos
  • Sonolência diurna
  • Dores musculares pelo corpo sem causa aparente
  • Dores nas articulações (sem evidência de artrite)
  • Dor de cabeça intensa
  • Fadiga insuportável após esforço físico
  • Inchaço nos gânglios linfáticos
  • Inflamação na garganta

A fadiga também pode ser sinal de:

Hipotireoidismo
O déficit na produção dos hormônios da tireoide afeta todo o metabolismo e gera uma tremenda leseira.

Insuficiência cardíaca
O coração perde a capacidade de bombear o sangue e o corpo carece de oxigênio e nutrientes.

Diabete
Além da desidratação provocada pela perda de urina, as células não recebem glicose direito - daíadeus, energia!

Depressão
As alterações químicas no cérebro interferem no sono, no humor e na disposição física e mental.

Apneia do sono
Marcado por interrupções na passagem do ar, o distúrbio rende uma baita canseira diurna.

Fonte: Revista saúde

terça-feira, 17 de maio de 2016

Como bactérias criam resistência a antibióticos?

Bactéria azulEntenda as táticas empregadas por elas para driblarem os medicamentos e saiba o que você pode (e deve) fazer para ajudar a conter essa ameaça à saúde pública.
Antibióticos são remédios que combatem infecções destruindo partes específicas das bactérias que as causam. Para sobreviver ao ataque, algumas delas se adaptam e criam resistência à medicação. Aí, essa bactéria praticamente imune ao remédio consegue disseminar seu "superpoder". Por isso que tomar antibiótico sem o pedido médico é tão perigoso para a sua saúde e a da população em geral. Veja abaixo todos detalhes desses processos.


A ação dos antibióticos:


1. Sem guarnição
Alguns medicamentos abalam a parede e a membrana celular da bactéria, estruturas que funcionam como muros protetores e que regulam a entrada de água e outras moléculas. Logo, se surgem buracos nelas, o micróbio fica bastante vulnerável.



2. Genética afetada
Os fármacos podem agir diretamente no material genético do bicho. Sua ação induz a ocorrência de erros no DNA, que vão deixá-lo em parafuso. Outras drogas se dirigem aos ribossomos, que fabricam as proteínas necessárias para a bactéria. Sem elas, não há como sobreviver.



3. Restrição na dieta
O ser microscópico é dotado de um mecanismo que transforma o ácido paraminobenzoico (PABA) em ácido fólico - vitamina essencial na criação do código genético bacteriano. Determinados antibióticos bloqueiam a conversão do PABA. É como se matassem a bactéria de fome.



A resistência das bactérias:


1. Efeito chaminé
Certas bactérias, ao entrarem em contato com um remédio, superativam a chamada bomba de efluxo, uma chaminé que expulsa substâncias nocivas a elas.



2. Reforma esperta
É comum que enzimas e receptores alvejados pelos antibióticos se modifiquem após os primeiros ataques. Aí, as armas dos médicos não conseguem mais agir.


3. Atiradoras de elite
Enzimas específicas, que neutralizam o antibiótico antes de ele chegar ao seu destino, passam a ter uma ação de destaque entre os germes resistentes.


Como a resistência de uma bactéria se espalha:


1. Passa-anel
Um micróbio transmite partes de seu DNA que conferem proteção contra uma droga para outros que estão nas proximidades.



2. Pilhagem
O inimigo ainda consegue pegar trechos genéticos de bactérias já resistentes mortas e os inclui em seu próprio genoma.



3. Infecção da infecção
Vírus chamados de bacteriófagos, ao invadir uma bactéria, tomam para si pedaços de genes resistentes e os transmitem adiante, infectando outras.



4. Seleção natural
Um fármaco elimina as bactérias frágeis, porém uma ou outra mais forte pode sobreviver. Aí, ela se reproduz e, aos poucos, vira uma maioria difícil de erradicar.


De quem é a culpa:


1. Droga sem prescrição
Tomar antibiótico para qualquer coisa - sem o pedido médico - é um dos maiores perigos. Outro chabu é largar o tratamento pela metade.



2. Descarte inadequado
Remédios arremessados na pia, na privada ou no lixo podem entrar em contato com bactérias, tornando-as mais fortes. Leve-os a farmácias.



3. Lixo hospitalar
O sistema de esgotos dos hospitais, se não recebe o devido tratamento, lança germes resistentes no ambiente.



4. Lavouras e criadouros
Muitos produtores exageram na hora de aplicar medicações que afastam as bactérias em animais e até nas plantações.




As nossas mãos estão sempre em contato com superfícies repletas de micróbios perigosos. E não existe melhor maneira de acabar com eles do que limpando dedos, unhas e palmas. 



Dados reveladores do Conselho Global de Higiene:

  • 83% dos 16 mil entrevistados pensam que sua casa oferece baixo ou nenhum risco de infecção, mas...
  • 45% dos objetos da moradia podem estar contaminados com bactérias.
  • Só 36% sabem que micróbios causadores de dores de barriga estão nos domicílios.
  • Apenas 29% dizem que a bucha do banho tem muitas bactérias. Pasme: ela é campeã de sujeira.
  • 16% não lavam as mãos após visitar o banheiro. Eca!


Revolução ao acaso


Foi meio sem querer que o bacteriologista escocês Alexander Fleming (1881-1955) descobriu, em 1928, a penicilina, o primeiro antibiótico da história. Ao voltar de férias, ele notou que um tipo de fungo, o Penicillium chrysogenum, havia invadido seu laboratório e, curiosamente, inibido o crescimento de bactérias cultivadas ali. Esse caso fortuito viria salvar milhões de vidas de infecções antes letais.

Fonte: Revista saúde

terça-feira, 10 de maio de 2016

8 problemas de saúde que fazem você engordar

espelhoVocê faz tudo direitinho - come menos, malha mais - e nem assim consegue derrotar a balança? É que a guerra contra os quilos a mais conta mesmo com inimigos ocultos, capazes de levar seu esforço por água abaixo. Conheça quem são eles e vire o jogo a seu favor.



Claro que fechar a boca e fazer ginástica é uma fórmula certeira para manter a forma, mas nem sempre a dobradinha é suficiente para afinar a cintura. Antes de desistir da sua meta de diminuir o manequim, saiba que o caminho para emagrecer tem curvas que muita gente nem imagina e que esbarram em questões ligadas à sua saúde. Aqui, você vai descobrir quais são esses fatores e finalmente vencer sua batalha contra o peso.

1. Células inflamadas

Quem não vive sem pão francês, arroz, massa e açúcar, carne vermelha, queijos amarelos e pratos industrializados demora mais para chegar ao peso desejado, isso não é novidade. O problema é que, calorias à parte, esses alimentos são inflamatórios, como avisa a nutricionista Roseli Rossi, de São Paulo. "Incluí-los no cardápio de todo dia, mesmo em pequenas quantidades, significa nutrir os adipócitos, células que armazenam gordura", fala. Num mecanismo de autodefesa, eles acabam produzindo adipocinas, substâncias com alto poder inflamatório que tomam conta de boa parte das células do corpo e levam à formação da indesejada gordura branca, aquela que acumula na barriga, no culote e no bumbum.

A saída: coma mais peixes de água fria, como salmão, atum, bacalhau e sardinha. Eles estão lotados de gorduras poli-insaturadas, como o ômega 3, inimigo número 1 de inflamações. Para reforçar esse exército anti-inflamatório, consuma também aveia, linhaça e chia (semente riquíssima em nutrientes), além de maçã e leguminosas (feijão, lentinha, grão-de-bico). Todos esses alimentos têm substâncias com ação antioxidante e, como são ricos em fibras, diminuem a velocidade de absorção do açúcar pelo sangue. Isso evita a produção excessiva de insulina, o acúmulo de gordura e a inflamação das células.

2. Emoções descontroladas

Todo mundo já passou por isto: na hora da tristeza, do stress, da dúvida ou da ansiedade, quando vem aquele nó na garganta, quase nada funciona melhor para aliviar a angústia do que comer. Estudos sugerem que nessas situações-limite, em que você está a um passo do descontrole, o organismo ativa um gene que provoca a larica pelas comidas engordativas. Nessas horas, você é capaz de fazer tudo por um docinho, algo gordo ou simplesmente devora tudo o que tiver pela frente. Isso acontece porque o açúcar e a gordura acionam o centro de recompensa do cérebro, que libera dopamina e manda o baixo-astral embora no ato.

A saída: busque outras formas de atingir o centro de recompensa do cérebro, que responde pelo prazer e pelo bem-estar, e de aliviar a tensão. Malhar, meditar, se envolver em um hobby que a faça se sentir bem e até transar são maneiras de se fazer feliz sem descontar no peso.

3. Tireoide em pane

Essa glândula, localizada no pescoço, produz dois hormônios (T3 e T4) que regulam o organismo - dos batimentos do coração ao trabalho do intestino, o raciocínio e a força muscular. Outra glândula, a hipófise, que fica na base do cérebro, secreta o TSH, que estimula a tireoide a fabricar T3 e T4. Quando ela produz esses hormônios em quantidade insuficiente, ocorre o hipotireoidismo, que deixa o corpo inteiro mais lento, inclusive o metabolismo - daí a dificuldade para emagrecer. "A doença também está relacionada à retenção de sal e água, que levam ao famoso inchaço", observa a endocrinologista Carolina Mantelli Borges, de São Paulo. "A mulher com hipotireoidismo ganha, em média, de 3 a 5 quilos em um ano."

A saída: "Um exame de sangue comum pode medir os níveis de TSH no organismo. Se houver alteração, o médico indica fazer a reposição hormonal", explica a endocrinologista. De maneira geral, o controle do hipotireoidismo consiste em tomar diariamente um comprimido com hormônio tireoidiano sintético, com dosagem orientada pelo endocrinologista de acordo com os resultados do exame de sangue. "O inconveniente é que o tratamento, na maioria das vezes, precisa ser mantido por toda a vida para regular a tireoide e prevenir o retorno dos sintomas", fala Carolina.

4. Stress demais

Quando a rotina de trabalho está alucinante, a relação não vai bem ou as contas não fecham no fim do mês - ou, pior, tudo isso junto -, é bem possível que quem acabe pagando o pato é o peso. Isso porque, nos momentos de alta tensão, o organismo é bombardeado por cortisol, adrenalina e noradrenalina, substâncias que levam ao acúmulo de gordura corporal. Para piorar, elas derrubam o ritmo do metabolismo, o que dificulta o gasto de energia. Fora que, no impulso de aplacar a tensão, é comum cair de boca nos doces e nas comidas engordativas. E, com o corpo trabalhando mais devagar, o resultado é conhecido: quilos extras na balança.

A saída: em primeiro lugar, encontre a origem do seu stress - o trabalho, o relacionamento, a falta de grana? Então, analise formas de aliviá-lo, sabendo que provavelmente terá de fazer mudanças no seu estilo de vida. Se não está malhando, não sabe o que está perdendo: a atividade física é uma poderosa válvula de escape das tensões, pois estimula a liberação de substâncias que aumentam o bem-estar e melhoram o humor. Enquanto se exercita, a cabeça também fica mais relaxada, o que favorece a reflexão sobre as questões que geram preocupação. É experimentar para comprovar.

5. Pílula errada

A reação ao anticoncepcional é bem individual - algumas mulheres têm queixas como ganho de peso, pele oleosa e alteração da libido depois que começam a tomar, mas outras não sentem mudança alguma. Os especialistas esclarecem que o principal vilão para quem reclama que engordou é o estrógeno, hormônio presente em alguns medicamentos. Ele pode levar à retenção de líquido (e não gordura) e dificultar a eliminação, o que provoca inchaço e reflete na balança.

A saída: muitas vezes, é necessário experimentar pílulas de marcas e dosagens diferentes até encontrar uma que combine com você e não ofereça efeitos colaterais negativos. As mais modernas costumam ter menos impacto sobre o peso do que as antigas, pois trazem doses menores de estrógeno e, portanto, não causam tanta retenção hídrica. Converse com seu ginecologista para conhecer as melhores alternativas para você.

6. Alergia a alimentos

Não estamos falando de comidas que desencadeiam, pouco depois de ingeridas, erupções na pele, coceira, cólicas... A alergia que faz engordar acontece mais tarde: com o tempo, você nota que o ponteiro da balança subiu sem motivo aparente. Isso acontece por causa da imunoglobulina G, o anticorpo que ativa as células de defesa nos processos alérgicos e provoca, como efeitos colaterais perversos, a retenção hídrica e o armazenamento de gordura. Além disso, ocorrem grandes flutuações na glicemia, a taxa de açúcar no sangue. Num piscar de olhos, ela vai de alta para baixa. "Essa é a hipoglicemia, uma manifestação de mau funcionamento do pâncreas, frequentemente causada por alergia alimentar", diz Tamara Mazaracki, nutróloga do Rio de Janeiro. O baixo nível de açúcar no sangue vem acompanhado de fraqueza, fome, aí você precisa comer de novo...

A saída: "Ironicamente, os alimentos que temos vontade de comer, em geral, são também os que mais provocam alergia", alerta a nutróloga. Aqui os vilões são leite e laticínios, glúten (a proteína do trigo), soja e ovo, além dos corantes presentes nos alimentos industrializados. Se você se encaixa na descrição acima, procure um nutricionista para identificar o alimento que provoca a alergia. O suspeito deve sair do cardápio por 30 dias, tempo necessário para que seu organismo fique livre dos efeitos negativos dele.

7. Sono ruim

A qualidade do seu descanso está diretamente ligada à ação dos hormônios grelina (que diminui a sensação de fome) e leptina (que dá o sinal de que você está saciada) no organismo. Quando você dorme bem e o suficiente, ele produz mais leptina e menos grelina, o que mantém o apetite sob controle. Se você passa a noite em claro ou dorme mal, porém, a gangorra hormonal se inverte - sobe a grelina e desce a leptina. Resultado: ataques de gula durante a noite que fica acordada e no dia seguinte, o que inflaciona sua cota ideal de calorias.

A saída: não se obrigue a dormir oito horas toda noite se você fica bem com menos, afinal, está mais do que provado que a necessidade de sono varia de uma pessoa para outra. O que importa é a qualidade do repouso, ou seja, dormir a noite inteira, acordar descansada e render no dia seguinte. Para isso, algumas atitudes ajudam: fazer atividade física, transformar o quarto em um lugar tranquilo e gostoso, evitar café e muito tempo no computador perto da hora de ir para a cama, por exemplo.

8. Hormônios desregulados

Não se sabe com certeza se é a síndrome dos ovários policísticos que leva ao ganho de peso ou o sobrepeso que provoca a síndrome, mas é fato que engordar sem razão (e ter dificuldade para emagrecer) é um dos sintomas desse transtorno feminino. Para o ginecologista Domingos Mantelli Borges Filho, de São Paulo, a explicação é que a síndrome desregula os hormônios. "A mulher pode desenvolver resistência à insulina", explica. Isso significa que o pâncreas passa a produzi-la em maior quantidade para colocá-la dentro das células. E quanto mais insulina sobrar na corrente sanguínea, maior é a fome e o sacrifício para fechar a boca. "Para piorar, o aumento da insulina no sangue desequilibra dois hormônios da hipófise, o LH e o FSH, responsáveis pelo controle dos ovários, o que aumenta ainda mais o risco de ganhar peso", acrescenta Domingos.

A saída: não existe cura para a síndrome, mas tratamento, sim, que geralmente é por meio de pílula anticoncepcional para corrigir o desequilíbrio hormonal. Desconfie do problema se, além de engordar sem motivo aparente, a pele ficar mais oleosa, a menstruação desregulada e você perceber o crescimento de pelos em lugares esquisitos (como rosto, barriga e seios). Então, procure o seu ginecologista, que vai confirmar o diagnóstico e apontar o tratamento adequado.

Fonte: Revista saúde

quinta-feira, 5 de maio de 2016

8 maneiras de controlar a asma

Novo remédio para câncer de pulmão e melanoma é aprovado — e deve revolucionar o tratamento da doençaA doença não tem cura, mas algumas medidas simples podem ajudar a amenizá-la.
 
Quarta causa de internação hospitalar no Brasil, a asma atinge 20 milhões de brasileiros, entre crianças e adultos. Mas é possível que esse número seja bem maior, aponta uma pesquisa encomendada pela farmacêutica Boehringer Ingelheim do Brasil ao Ibope. É que de 2 010 pessoas entrevistadas entre maio e junho de 2015, 44% disseram ter sintomas respiratórios, como tosse, chiado no peito e falta de ar – que podem ser sinais de doenças como asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (a DPOC). Durante a investigação, 35% dos indivíduos disseram ter “asma” e 37% mencionaram a “bronquite crônica”. A questão é que a bronquite é bem menos frequente e costuma dar as caras após anos de tabagismo. Logo, para o médico José Eduardo Delfini Cançado, professor da Santa Casa de São Paulo e diretor da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, que analisou os dados, é possível que, na verdade, essa parcela sofra mesmo é de asma. 
Outro dado preocupante, agora do Instituto de Asma da Grã-Bretanha, é que nem metade dos portadores da doença reconhece a gravidade da condição – e um ataque de asma pode ser fatal. A boa notícia é que, de acordo com a pesquisa, 75% das internações de emergência seriam evitadas com atitudes simples no dia a dia. Conheça algumas e coloque-as em prática.

1. Pratique exercícios 

Em um estudo conduzido na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), 58 pessoas com a forma moderada ou grave da doença, na faixa dos 30 aos 50 anos, foram convidadas a caminhar em ritmo acelerado na esteira por 30 minutos, duas vezes por semana. Ao final de três meses, os pesquisadores observaram uma redução nos sintomas e na gravidade do quadro — ou seja, os asmáticos ficaram mais dias livres de episódios de falta de ar. Além disso, tornaram-se mais tolerantes a fatores que irritam o sistema respiratório, como ácaro e fumaça. Uma notícia e tanto se pensarmos que, às vezes, um mínimo contato já dispara o maior sufoco.

2. Coma peixes, verduras e legumes 

Depois de analisar mais de 32 mil voluntários, um estudo da Universidade do Porto, em solo português, identificou esses alimentos como aliados na prevenção das crises — e no descanso das bombinhas. A razão por trás disso estaria na abundância de antioxidantes detectados nos vegetais, além do ômega-3, a gordura boa dos pescados. Por outro lado, os estudiosos portugueses viram que exagerar na gordura saturada, no sal e no açúcar tornava a asma mais grave.

3. Invista em alimentos ricos em fibras 

Pesquisadores do Hospital Universitário Lausanne, na Suíça, perceberam que doses caprichadas de fibras — como soja, grão-de-bico, ervilha, feijão-carioca, cereal à base de trigo — induzem a uma reação menos intensa aos alérgenos que provocam crises. Tudo leva a crer que as fibras modificam a flora intestinal, culminando na multiplicação de bactérias boas. Essas, por sua vez, desempenham várias funções, como ajudar na formação de ácidos graxos capazes de reduzir processos inflamatórios. O que resultaria, em última instância, em menos muco nas vias aéreas.

4. Deixe o cigarro de lado

Ele favorece inflamações nas vias respiratórias. Atenção: o fumo passivo também leva à piora dos sintomas. Ou seja, mesmo se o asmático não fumar, ele pode ser prejudicado pelo fumacê dos outros.  

5. Cuidado com animais de estimação

Não é apenas o pelo do bicho que pode deflagrar o surto. Segundo informações da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a descamação natural da pele do animal, além de sua saliva e urina são capazes de atuar como gatilhos para a doença.  

6. Perca peso

Acredite: os quilos extras atrapalham quem tem a doença respiratória. Pesquisas mostraram que a leptina, hormônio conhecido por controlar a fome, também dilata as vias aéreas. Só que o excesso de gordurinhas pelo corpo faz com que essa substância não trabalhe direito. 

7. Evite ficar em ambientes sujos, empoeirados e cheios de ácaros

Esses bichinhos microscópicos e seus excrementos pioram a asma e a inflamação dos brônquios, segundo a SBPT. Eles também são encontrados em locais como colchões, travesseiros, carpetes, bichos de pelúcia, estantes e papéis, de acordo com informações da SBPT. 

8. Previna infecções virais

Elas podem causar sintomas de asma. Por isso, proteja-se da gripe e do resfriado comum. 
E não se esqueça: existem medicamentos para aplacar os sintomas e trazer maior qualidade de vida para os pacientes. O tratamento é distribuído gratuitamente aos usuários pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para ter acesso aos remédios, é necessário apresentar um documento de identidade com foto, o CPF e uma receita médica dentro do prazo de validade (120 dias) — a receita pode ser emitida tanto por um profissional do SUS quanto por um médico da rede privada.

Fonte: Revista saúde