quinta-feira, 23 de junho de 2016

Gravidez psicológica: um problema sério

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A gravidez psicológica, também conhecida como pseudogestação ou pseudociese, é um quadro no qual a mulher apresenta os mesmos sintomas da gravidez.
 
Embora não se apresente gestante. Para agravar a situação, ela começa a apresentar sintomas como a ausência de menstruação, enjoos, crescimento da barriga, escurecimento dos mamilos, crescimento dos seios e produção de leite. Embora tenha uma incidência baixa (uma para cada 20 mil gestações), este é um problema grave que deve ser tratado com seriedade.

O que é a gravidez psicológica? Como ela se desenvolve?
A palavra pseudociese foi cunhada a partir de duas palavras gregas: “pseudo”, falsa, e “kyesis”, gravidez. Trata-se, portanto, de uma aparente gestação, com sintomas diversos da gravidez, mas sem feto. É um fenômeno bem raro, ocorrendo em uma para cada 20 mil gestações. A ausência das regras (menstruações) pode ser explicada por mecanismos neuroendócrinos, acionados nas situações de estresse e depressão. O denominado eixo hipotálamo-hipófise-ovário interage e pode funcionar anormalmente em situações de estresse psicológico. A distensão abdominal decorrente do acúmulo de gases intestinais simula o ventre gravídico.

Existem pré-condições para que uma mulher desenvolva a gravidez psicológica?
Um perfil típico para a mulher que desenvolve pseudociese não existe. Mas autores consideram que os conflitos entre “ser ou não mãe” estão na base do problema. Mas ganhos secundários com a “falsa” gestação e necessidade de punição por sentimentos de culpa podem estar implicados. Para outros autores é necessário afastar componentes psicóticos, já que a gestação é uma alucinação. Penso que cada caso deve ser avaliado em termos da história da mulher, do casal, dos filhos já existentes, etc.
Quais são os sintomas da gravidez psicológica? Como o corpo da mulher se altera?
Os sintomas variam entre os casos. Os mais comuns incluem sensação de movimento fetal, aumento do ventre (distensão abdominal), enjoo, mudanças da mama e em alguns casos até dores de parto.

Como é feito o diagnóstico da gravidez psicológica?
Em geral, um simples teste hormonal de gravidez negativo afasta o diagnóstico. Por sua vez, o exame de ultrassom não deixa dúvidas quanto à ausência de gravidez. Curioso que o exame clínico inicial, nas primeiras semanas de gravidez, pode deixar o profissional na dúvida. Com a evolução da gravidez, no entanto, torna-se claro que é uma pseudociese.

Existe algum dano que a gravidez psicológica possa causar no organismo?
Não. O maior dano é para a mulher e seu entorno social. Trata-se de um grande drama familiar, com repercussões para todos os envolvidos.
Como é o tratamento?
O grande problema é a comunicação do fato à mulher e aos familiares. Não existe um tratamento formal, já que a alteração hormonal que leva à amenorreia (falta de regras) pode ser tratada posteriormente, dependendo do caso, e não é um grande problema em si. Já a confirmação da pseudociese é muito traumática. Ela pode ter atitudes extremas, tais como considerar o médico louco ou se considerar louca, ficar muito deprimida, ansiosa, etc., etc. Neste momento vale a pena contar com ajuda de psicólogo/psicoterapeuta e de familiares mais próximos.

Como a família deve se portar no apoio a uma mulher diagnosticada com gravidez psicológica?
Penso que a inclusão da família é fundamental, já que a expectativa frustrada de gravidez atinge a todos. A reação dos familiares é que pode variar. E, neste caso, cabe discernir quem está mais tranquilo e tem condições de apoiar a mulher. Já presenciei um caso em que ambos, marido e mulher, custaram a acreditar no diagnóstico médico de pseudociese. Às vezes, a psicoterapia pode ser oferecida aos familiares também.
Fonte: Idmed

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