terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Por que certas pessoas têm cárie mesmo escovando bem os dentes?

Eis aí uma injustiça com um fundo de verdade. Mas os hábitos de higiene ainda são primordiais para evitar buracos na arcada dentária

dente com cárie 
É oficial: alguns azarados terão mais cáries do que o resto da população, ainda que escovem os dentes e passem fio dental direitinho. E são vários motivos por trás disso.

Comecemos pelos micro-organismos que vivem na boca. A tal microbiota da região, assim como a intestinal, passa por um período de formação na primeira infância, quando os dentes estão começando a nascer.

“É um momento crucial. Se alguma bactéria agressiva for transmitida para a criança, ela poderá ter um perfil de microbiota que favorece as cáries durante a vida”, aponta Fábio Sampaio, odontologista da Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa.

Outro ponto é a dieta açucarada desde cedo. A lógica aqui é que o paladar, acostumado com a doçura, passa a exigi-la em níveis cada vez maiores. “E o indivíduo que come mais açúcar vai ter maior risco de cáries mesmo com uma higiene boa”, destaca Sampaio.
Veja: o açúcar – seja o puro seja o adicionado em itens industrializados ou em preparos caseiros – é o principal alimento dos micróbios do mal que habitam nossa boca. E nem sempre conseguimos eliminá-lo por completo ao limpar a arcada dentária.

De olho na saliva

A boca seca é outro fator de risco para as danadas aparecerem. Como a saliva tem efeito protetor, sua ausência abre caminho para a desmineralização do esmalte do dente, espécie de etapa anterior à cárie.

Tanto que é pior comer doces tarde da noite. “Perto da hora de dormir, o fluxo de saliva diminui”, explica Renata Paraguassu, cirurgiã-dentista da SucessOdonto Prime, no Rio de Janeiro.

O sumiço do líquido pode ser causado por várias condições, do uso de certos remédios ao hábito de respirar só pela boca. “A pessoa pode fazer um teste que analisa o fluxo salivar e, a partir daí, investigar os motivos”, conta Renata.

Papel genético

No início de 2017, um estudo da Universidade de Zurique, na Suíça, identificou possíveis genes responsáveis pela formação do esmalte, camada protetora do dente. Essa estrutura é o primeiro ponto de ataque das bactérias. A hipótese dos pesquisadores, testada em roedores, é a de que mutações nesses pedaços do DNA fragilizariam essa cobertura e, assim, pavimentariam a estrada para os futuros buracos.

“Já observamos que, por motivos genéticos ou traumas pontuais, algumas crianças e até adultos apresentam problemas na estrutura do esmalte”, aponta Marcelo Bonecker, odontopediatra da Universidade de São Paulo. “Ao invés da superfície ficar lisa e brilhante, como deve ser, acaba porosa e irregular, o que facilita o acúmulo de bactérias e açúcar na superfície do dente”, emenda.

Esses casos são detectados no consultório odontológico – ora, as alterações são bem visíveis aos olhos dos profissionais. A partir daí, começa um trabalho preventivo para impedir que novas cáries deem as caras.
“O tratamento varia de acordo com a fragilidade do esmalte. Ele pode envolver aplicações de flúor no consultório ou até, em casos mais profundos, o uso de uma película de resina para criar uma barreira mecânica no local”, detalha Bonecker.

É cedo, entretanto, para dizer que os genes encontrados por aqueles cientistas suíços são os culpados por essa vulnerabilidade. “O estudo foi feito com animais e o achado precisará ser confirmado com novas pesquisas”, destaca Sampaio. “A propensão existe, mas, por se tratar de uma doença multifatorial, é difícil estabelecer as causas para isso”, adianta.
Além disso, em um país com prevalência tão alta de cárie por questões como distribuição de flúor e pouca higiene, culpar o azar por problemas de saúde bucal é no mínimo um exagero.

O principal é o estilo de vida

Comer muito açúcar e não escovar o dente são, sem a menor sombra de dúvida, os grandes culpados pelas cáries. Como a placa bacteriana é o estopim que leva à cárie, dificilmente alguém que se alimente de maneira equilibrada e tenha uma boa higiene desenvolverá a encrenca.

E um recado para quem negligencia a escova e se vangloria de não sofrer com cáries: “Você poderá ter mau hálito e doença periodontal, males causados por outros tipos de bactérias”, alerta Sampaio. Sim, a falta de higiene e de visitas regulares ao dentista sempre vai cobrar seu preço.

Fonte: Revista saúde

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Exame de sangue moderno prevê novo câncer na mama, diz estudo

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Além de facilitar o acompanhamento da doença, a tecnologia evitaria que algumas mulheres tomassem remédio por mais tempo do que o necessário


Um estudo americano indica que, no futuro, uma nova tecnologia pode facilitar (e muito) a vida de pacientes que já superaram um câncer de mama. Por meio de um simples exame de sangue, será possível antever o surgimento de um segundo tumor na região – e, assim, realizar o tratamento apropriado antes de isso acontecer.
 
Segundo o artigo, o teste deverá ser feito cinco anos após o diagnóstico da doença. Líder da pesquisa, o médico Joseph Sparano, do Centro para Cuidado do Câncer Montefiore Einstein (EUA) afirma que, se o resultado da nova avaliação for negativo, as chances de não ter um novo câncer de mama nos próximos dois anos são de impressionantes 98%. Isso é importantíssimo, uma vez que mulheres que já foram flagradas com esse mal uma vez possuem um risco maior de voltar a sofrer com ele.
O exame foi batizado de CellSearch, e procura por células cancerosas espalhadas no sangue. Ele até já está disponível nos Estados Unidos, mas sua real eficácia era questionável pela ausência de evidências científicas. Essa pesquisa, ao que parece, vai dar mais força ao teste – e estimular mais experimentos com ele.

O estudo em si

Foram incluídas no trabalho 547 mulheres que, cinco anos antes, passaram por cirurgia e quimioterapia para vencer um câncer de mama. Cerca de 66% delas, aliás, vinham tomando desde então bloqueadores de hormônios femininos (a chamada hormonioterapia). Trata-se de uma estratégia comum nos casos em que o tumor é estimulado pelo estrogênio.
A partir daí, elas fizeram o tal exame de sangue e foram acompanhadas por mais dois anos. Conclusão: quando a avaliação acusava a presença de células de câncer no sangue, a probabilidade de um tumor de mama reaparecer nesses período era 22 vezes maior!
Só tem um porém: mesmo se o resultado era positivo (ou seja, apontava unidades cancerosas na circulação), 65% das mulheres acabaram não tendo um novo tumor. De acordo com Sparano, no entanto, isso não inviabiliza o exame. “Não acompanhamos as pacientes por tempo suficiente”, disse, em entrevista ao New York Times. Em outras palavras, é possível que esse segundo câncer de mama se desenvolvesse após dois anos.
Outra ponderação importante é a de que a tecnologia analisada não consegue identificar o risco de um novo câncer em mulheres cuja doença não fora causada pelo estrogênio.

Como esse exame pode ajudar

Atualmente, recomendações internacionais pedem para considerar o uso da hormonioterapia por até dez anos após o surgimento do câncer de mama sensível ao estrogênio. O problema é que essas drogas trazem efeitos colaterais indesejáveis (parecidos com os da menopausa).
Portanto, se esse exame indicasse um baixo risco de a doença voltar a surgir, a mulher poderia abreviar a necessidade de bloqueadores de hormônio para, por exemplo, cinco anos. Fora que ele auxiliaria no acompanhamento da própria enfermidade sem exigir procedimentos invasivos ou avaliações de imagem. 
 
Fonte: Revista saúde 

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Teste do pezinho agora descobre a imunodeficiência primária

Uma nova tecnologia pega carona nesse famoso exame feito logo após o parto para detectar a condição por trás de graves infecções em crianças

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Ataques frequentes de micróbios a pulmões, ouvidos, intestino ou outros cantos do corpo… 

São eles que costumam despertar a suspeita da imunodeficiência primária (IDP), condição genética pouco conhecida, mesmo entre profissionais de saúde.
Como o nome do problema indica, há uma falha no sistema de defesa, incapaz de conter infecções. Para mudar o cenário atual, marcado por diagnósticos tardios, o Grupo Brasileiro de Imunodeficiências (Bragid) trouxe um novo exame ao país. Por meio de dados coletados no teste do pezinho, ele flagra a IDP logo após o parto.

Segundo o médico Antonio Condino Neto, pesquisador da Universidade de São Paulo e membro do Bragid, a tecnologia está disponível em clínicas particulares, mas a ideia é que, em breve, vá para a rede pública. Segundo o especialista, se descoberta logo cedo, a condição é controlável e as complicações podem ser evitadas.

5 mil

É o número de casos de imunodeficiência primária registrados no Brasil.

15 mil

É a quantidade de pessoas que devem sofrer com a falta de diagnóstico.

Sinais de alerta da IDP

  • Oito ou mais episódios de otite por ano
  • Duas ou mais pneumonias no último ano
  • Feridas recorrentes na boca
  • Monilíase (o popular sapinho) por mais de dois meses
  • Diarreia crônica ou infecções intestinais de repetição
  • Histórico de imunodeficiências na família

Fonte: Revista saúde - Editora Abril